PLANO DE ACTIVIDADES DO NUCA 2008/09

Novembro
1
Filme Um homem para a eternidade
20h50, na Igª São Tiago Almada
5 Missa FCT
7 Vigília São Lourenço
23h30 Eucaristia
00h00 Adoração
8h00 Laudes e Missa
15 O Rosto de Jesus na História da Pintura
10h30/12h00, Igª São Tiago Almada

Dezembro
3 Missa FCT; 14h, sala 113-IV
5 Vigília em São Lourenço
8 Serão de Poesia; 21h00, Igª São Tiago Almada
13 O Rosto de Jesus na História da Pintura
10h30/12h00, Igª São Tiago Almada
Velada do Advento; 21h00 Cacilhas

Janeiro
9 Vigília São Lourenço
7 Missa FCT
17 O Rosto de Jesus no História da Pintura
10h30/12h00, Igª São Tiago Almada

Fevereiro
4 Missa FCT
6 Vigília São Lourenço


Março
4 Missa FCT
6 Vigília São Lourenço

13/15 Retiro Fátima

Abril
3 Vigília São Lourenço
25 Passeio Arrábida

Maio
6 Missa FCT

8 Vigília São Lourenço
31 Filme A Arca da Rússia
21h00, na Igª São Tiago Almada

Junho
3
Missa FCT
5 Vigília São Lourenço
5/7 Acampamento Diocesano de Jovens
Quinta do Álamo

Julho
1 Missa final de ano FCT

Agosto
4/9 Acampamento Nuca
Quinta de S. Francisco (Rio Teixeira)

UM NOVO MODELO DE BEM-ESTAR‏

Em recente conferência de imprensa, D. António Marto, tendo como pano defundo a actual crise financeira, falou do falhanço de um modelo de vida quedá prioridade ao "consumismo desenfreado" e da necessidade de "rever arelação com o dinheiro, as poupanças e o recurso ao crédito".
Denunciou um "sistema financeiro desligado da economia", que se considera"como um fim". Considerou obrigatória a revisão da remuneração dosdirigentes de instituições financeiras, que são "verdadeiramenteescandalosas". Mas não se ficou apenas pelos dirigentes, pois neste momentotodos devem envolver-se seriamente na criação de "novos modos de vida, novosmodelos económicos e financeiros" e de se "interrogarem sobre práticasespeculativas que visam a rentabilidade máxima a curto prazo".
Estas palavras recordaram-me outras semelhantes, embora num tempo diferente,de João Paulo II: "Torna-se, por isso, necessário e urgente uma grande obraeducativa e cultural, que abranja a educação dos consumidores para um usoresponsável do seu poder de escolha, a formação de um alto sentido deresponsabilidade nos produtores e, sobretudo, nos profissionais dosmass-media, além da necessária intervenção das autoridades públicas" (CA36). Todos percebemos que as sucessivas e crescentemente graves crises que nos vêm atingindo têm como denominador comum o dinheiro: a ganância do lucro imediato e do dinheiro fácil, ou na célebre expressão do anterior Papa, "a avidez exclusiva do lucro e a sede do poder a qualquer preço" (SRS 37).Talvez se trate do que um bispo guatemalteco chamou, no Sínodo, uma«teologia da prosperidade», que apresenta a pobreza como 'maldição' e ariqueza como 'bênção e prosperidade'. O que conta é ter dinheiro, que dá poder que permite fazer o que bem nosapetece. Perdemos a hierarquização das coisas. Deixámo-nos levar pela sede do dinheiro, mas também pelo imediato, pelo fácil, pelo "não estou para mechatear", gastamos acima das nossas posses, não somos capazes de introduzir hábitos mais moderados e sóbrios. Isso, nem pensar, pois daria de nós uma má imagem e até a sensação de sermos uns pobres pelintras.
E o resultado é que andamos muito mais "stressados", multiplicámos o uso de medicamentos psicotrópicos, procuramos sedativos que nos ajudem a ver cor-de-rosa um mundo que não nos agrada. Perdemos a noção do que é realmenteimportante na vida. Vivemos o superficial, o artificial, orientamo-nos pela opinião surgida "à mesa do café", acreditamos, sem qualquer espírito crítico, na opinião de meia dúzia de comentadores. E até há muito boa gente que passa a vida a tentar mostrar o que não é.
Mesmo os mais responsáveis não resistem a um pecado que o pregador do Papa apontou ao comentar o episódio evangélico dos convidados para o banquete:trocamos o importante pela "pressa da vida", pelo que consideramos urgente,mas que muitas vezes nada tem de urgente. "O que têm em comum estes diversos personagens (que recusaram o convite para o banquete)? Todos tinham algo urgente para fazer, algo que não podia esperar, que exigia imediatamente a sua presença...
Está claro, então, que o erro cometido pelos convidados consistiu emabandonar o importante pelo urgente, trocar o essencial pelo contingente!". E são tantos os exemplos que podemos dar. Temos sempre tantas coisas "urgentes" que nos impedem de fazer o que é realmente importante. Encontramos alguém que gostaria que o ouvíssemos um bocadinho (importante), mas já vamos atrasados para uma reunião (urgente).
Temos os filhos em casa a precisar de um momento de atenção (importante) mas surgiu um problema no escritório (urgente) e só chegamos noite dentro, cansados e incapazes de um gesto de carinho. Temos amigos a visitar ou aquem telefonar (importante) mas precisamos de acabar um trabalho (urgente) e fica para a próxima. Encontramos uma pessoa em dificuldade na rua (importante) mas já vamos atrasados para a missa (urgente). Sentimos umas dores persistentes (importante) mas temos o tempo tão ocupado (urgente) quenão podemos ir ao médico.
E assim vamos vivendo uma vida "estúpida" onde não há espaço para o relaxe,o convívio com os amigos, os tempos de silêncio connosco próprios, acontemplação do que é belo, onde só há espaço para as correrias, para as urgências do dia a dia. E mais tarde, quando já não há remédio, descobrimosque realmente levámos uma vida "estúpida". Percebemos tarde demais que com tantas urgências pouco urgentes não saboreámos nem demos a saborear o nosso amor aos filhos.
Depois, quando eles crescem ou saem de casa, só então percebemos o que perdemos e não volta mais, por causa de "urgências" que podiam esperar um pouco mais e que podiam ser resolvidas se tivéssemos feito uma melhor gestão de tempo e sobretudo se tivéssemos sido capazes de hierarquizar as prioridades da nossa vida.
E (quem sabe?) se "ao chegarmos ao céu" S. Pedro, antes de nos deixar entrar, não nos perguntará: "Vens para aqui porque é urgente ou porque é importante?" Talvez a gestão correcta deste binómio *urgente-importante* nos possa ajudar a encontrar um novo modelo de bem-estar. Sim, porque nós fomos criados para sermos felizes.
*por José Dias da Silva * *in "Notícias de Vila Real", 2008.10.22 *